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O dia-a-dia de mães que são muito mais que mulheres...
Enquanto jantávamos diz-me a mais pequena cá da casa:
"- Mãe, sabes uma coisa?"
"- Diz lá!" - respondo-lhe.
"- Hoje na aula de inglês, o Micael olhou para mim, sorriu e disse-me assim 'queres namorar comigo'?"
"- E tu, que respondes-te?" - perguntei-lhe eu.
"- Eu disse-lhe: 'Achas? Eu já tenho namorado, o Kiko que está na França!"
"- Tu não esqueces mesmo o Kiko. " - digo-lhe eu.
"- Sabes mãe, o Rúben do 1º ano também gosta muito de mim, mas às vezes faz coisas que irrita muito a professora."
"- E também sabes que, o Henrique vai casar com a Fabiana?"
"- Vai?" - pergunto-lhe eu.
"- Vai pois, ele anda sempre a escrever-lhe bilhetinhos a dizer amo-te e depois desenha muitos corações. Eles pensam que eu não sei, mas eu já vi muitos papéis desses no caixote do lixo e conheço bem a letra dele."
Agora, apelo à professora da minha filha, caso leia isto, que mantenha essas crianças "namoradeiras" na linha.
"- Mãe, quero uma fatia de bolo!" - dizia-me a minha filha.
"- Queres uma grande ou pequena?" - enquanto eu já a cortava.
"- Uma pequena!" - responde-me ela.
"- Mas já cortei uma grande." - dizia-lhe eu.
"- Não faz mal, eu como na mesma." - retorquiu ela.
Dei uma gargalhada, à qual ela disse.
"- Isso, vai lá..."
"- Vou lá, onde?" - perguntei-lhe sem estar a pereceber o que ela queria dizer.
"- Vai lá meter isso no teu blog!"- dizia-me ela a sorrir.
"- Lol..."
Mas que previsível estou a ficar.
Como mãe e como uma pessoa que gosta de ler e incentivar a leitura, não podia deixar passar este dia em vão, com um dos textos do livro "Contos para rir" de Luisa Duclas Soares.
É um dos livros recomendado para o plano nacional de leitura.
Peguem nos vossos filhos e leiam a história juntos.
A Pele do Piolho
Era uma vez um rei que não primava pelo asseio. Tinha tal medo da água que nunca se lavava.
- Tomar banho no rio é perigoso, posso afogar-me. Meter-me numa banheira é perigoso, posso escorregar. Esfregar-me com uma toalha molhada é perigoso, pode cair-me a pele - dizia ele.
Não havia perfume que cobrisse o seu mau cheiro. A rainha tinha morrido, intoxicada. O pessoal da corte mantinha-se todo á distância, o que ele achava natural, como sinal de respeito.
Só a filha se aproximava, com uma mola de roupa de ouro a tapar-lhe o nariz.
- É a nova moda - desculpava-se ela para não o ofender.
Certo dia, ao penteá-lo, até estremeceu.
- Ai, senhor, que grande piolho! Vou tirar-lho.
- Não o tires que me faz companhia. Meu rico bichinho de estimação! Acompanha-me a toda a hora, para onde quer que eu vá...Cães ou gatos não são mais dedicados.
deixou a filha ficar o animal que, com o tempo, foi crescendo, crescendo. Ficou tão grande que até parecia um chapéu pousado no cocuruto da real cabeça. Até a coroa deixou de lhe servir.
Também a princesa cresceu, tão bela, esperta e asseada que ninguém diria que era filha de tal pai.
Estavam pois ambos crescidos quando o piolho adoeceu.
Tinha o rei andado a passear ao sol e o pobre apanhara um escaldão. Agora tossia, espirrava que era um dó de alma e tinha tanta, tanta febre que a cabeça do monarca escaldava.
Vieram veterinários de longe para o tratar mas todos eles estavam habituados a matar e não curar piolhos. Besuntaram-no com cremes, fricionaram-no com álcool, picaram-no com injeções, pois este só se alimentava com o seu sangue. Nem assim recuperava a saúde.
Entre choros e lamúrias acabou-se-lhe a vida.
- Vamos enterrá-lo no jardim, junto aos cravos perfumados - propôs a princesa.
- Nunca! - disse o pai. - Quero-o sempre junto de mim. Com a sua pele vou mandar fazer, em segredo, um tambor.
Assim aconteceu.
Sentia-se o rei enfraquecer com a idade e com o desgosto pela morte do companheiro inseparável. Resolveu então casar a filha para não a deixar desamparada.
- Só aceito um marido ao meu gosto! - exclamou ela. Só caso com quem adivinhar de que é feito o tambor de Vossa Magestade.
Esteve o rei de acordo, mandando em breve reunir todos os oficiais, fidalgos e príncipes que aspiravam à mão da princesa. Para cima de uma centena! Entretanto ela já fizera a sua escolha. Era um jovem capitão da marinha, que não temia nem as mais revoltosas águas do mar. Por isso, aproximou-se dele às econdidas e murmurou:
- O tambor é de pele de piolho.
Ora um criado muito velho, que andava por ali a servir bebidas, ouviu a frase. Correu, mesmo com a bandeja na mão, até ao trono, anunciando:
- Descobri! Descobri! O tambor é de pele de piolho.
A princesa desfez-se em lágrimas mas o rei só tinha uma palavra, não podia voltar com ela atrás.
- Escolhe o dia do casamento que serás meu genro, embora, pela idade, pudesses ser meu avô.
A princesa é que não esteve pelos ajustes. Diante de toda a gente, enfrentou o noivo:
Se comigo te casares,
vais sofrer desilusão,
em vez de te dar um beijo,
dou-te logo um bofetão.
Eu durmo na cama fofa, tu dormes no meio do chão,
eu como bolos de mel
e tu os ossos do cão.
Eu vou para o baile dançar,
tu vais carregar melão.
Hei-de ter sete filhinhos,
os sete de um capitão.
Se não posso dar-lhe a mão,
dou-lhe corpo e coração.
Por aquela declaração pública é que o velhote não esperava. Levar pancada, ser gozado e atraiçoado pela mulher era de mais!
- Desisto! Desisto!
A princesa casou com o capitão. Mandaram construir um palácio com vinte casas de banho e uma grande piscina diante da sala.
À entrada do portão há um letreiro que avisa:
PROIBIDA A ENTRADA DE PIOLHOS
Arrepiante.
Sei bem o que isso é, pois eu também passei o mesm...
o perigo está em toda lado...mesmo onde só deveria...
Os pais precisam mesmo de estar muito atentos para...
Claro que sim!
É muito importante estar atento aos sinais *-*
Pois! ;(
Certo, David. :)
Alguns paizinhos é que não educam os filhos, infel...
Incrível... Uma realidade difícil de controlar...